Biografia de uma psicopata
Por acreditar que o ser humano pode mudar para melhor, e por amor aos filhos, o marido ouviu as juras e promessas de sua Bovary, e seguiu apostando na ilusão.
A dissimulação e a mentira fazem parte do jogo sujo dos psicopatas, e é assim que essa gente envolve inocentes em trapaças e estelionatos.
Calculistas, suas mentes agem estritamente em função dos próprios interesses.
E nem a perda de um filho, pai, mãe, ou uma temporada na prisão, abalam o coração e a conduta dessa gente.
Paula, uma atriz medíocre, ao perceber que não teria como mentir e esconder sua traição, disse ao marido antes de confessar: "você nunca vai me perdoar."
E sua vítima, imaginando ser a primeira traição da sua estrela, perguntou: "você julga até a minha capacidade de perdoar?" Esta libidinosa mulher fazia referência à lama em que vivia desde que ela se separou do homem que ela havia roubado da irmã, e que se tornara o seu primeiro marido.
O prestígio do marido abria as portas dos teatros e da imprensa para essa Karenina, já a falta de talento ela compensava com muito sexo nas camas dos contrarregras e diretores.
E, assim, ela conseguia atuar na maioria das peças, e os amantes atores diziam com ironia para o seu companheiro: "sua mulher é a nossa irmãzinha, meu velho"
Nessa carreira, sucesso ela nunca fez. E, já que suas interpretações sem alma não convenciam o público, ela contentava-se em ver sua vítima preferida cumprir o papel de maior fã.
Entretanto, a inteligência não era o forte dessa Luíza que, em todos os primos, via um Basílio. E com o tempo o seu marido acabou descobrindo a verdade, e pôde, pela primeira vez, saber quem era, e o que pensava a sua companheira.
Por acreditar que o ser humano pode mudar para melhor, e por amor aos filhos, o marido ouviu as juras e promessas de sua Bovary, e seguiu apostando na ilusão.
Mas, a verdade é que um psicopata nunca muda, não conhece arrependimento e, com frieza, espera o melhor momento para desferir o seu golpe, vingando-se daqueles que em algum momento despertaram sua ira.
Ao receber uma herança dos pais, a canastrona voltou a agir: primeiro, descartou o estorvo da casa que recebera. Depois, com um sorriso perverso de vilã, juntou-se a um limitado homem que a sua vítima predileta tinha como inimigo.
Ao ex-marido, sobrou apenas a vergonha da própria sombra, por tantos anos ter passado ao lado de alguém incapaz de qualquer senso moral e ético.
P.S.: Nelly Rosa, com seu grande talento em cima do palco, pode ser uma psicopata, uma santa, ou o que quiser, mas, fora dele é sempre uma grande mulher e uma fiel amiga. Essa ficção com cara de biografia é dedicada a ela, bem como a Belizário Barros, Breno Milagres e Pedro Paulo Cava, que tanto engrandecem o teatro de Minas Gerais.