Cid Ornelas, Tocai por Nós
Ele incorpora todos os deuses da música e das suas cordas saem em vibrações o que de melhor se produz em música.
Conheci Cid Ornelas na saudosa Agência Status. Eu havia acabado de ler uma crônica de Déa Januzzi que dizia que o som do violoncelista tinha a profundidade dos oceanos.
Quando o ouvi pela primeira vez, acompanhado por Aranha, no violão, Gustavo Figueiredo, nos teclados, Luiz Paulo, na batera, e Adriano Campagani, no contra baixo, entendi o que a jornalista quis dizer.
Para ler um bom livro, não se pode fechar os olhos, mas, para ouvir uma boa música, sim. E Cid Ornelas é um músico para se ouvir de olhos fechados, com o coração a marcar os compassos.
No auge da sua emoção, Cid também toca de olhos fechados, e seus dedos, extensão da sua alma, são mágicos. E aí, meu caro leitor, o que a sua música faz com a gente chega a ser uma covardia.
Cid parece entrar em transe quando toca. Ele incorpora todos os deuses da música e das suas cordas saem em vibrações o que de melhor se produz em música na terra de Maria Lúcia Godoy.
Às vezes trágica como Piazzolla, outras vezes lúdica, alegre ou triste - a música deste artista nos conduz por novos caminhos, e nos permite por um instante escapar dos labirintos em que a vida se perde.
Hoje o silêncio se fará necessário em Belo Horizonte, pois seu cello irá nos agraciar com suas notas no Teatro da Biblioteca Pública, para deleite dos pássaros da Praça da Liberdade e do público presente.
Bravo! Bravo! Bravo!
Déa Januzzi, se estivesse viva, certamente estaria ao meu lado hoje à noite a aplaudi-lo. Mas, tudo bem, pois, depois de velho, aprendi a chorar e sorrir por mim e pelos amigos.