As lágrimas rolaram em meu rosto ao assistir o belo e triste filme "Ainda Estou Aqui".
Chorei por mim, por Déa Januzzi, Clarisse Lerman e Vânia Bambirra: companheiras que partiram, e que certamente iriam compartilhar dessa tempestade, nessa impressionante interpretação de Fernanda Torres.
Chorei por Iara Ialverbeg, que deu um tiro no coração para não cair nas mãos dos torturadores.
Chorei por Tânia, sob as rodas do metrô em Berlim, e por Inêz Etienne Romeu: a mulher mais torturada no Brasil. E também por Zuzu Angel, "que só queria embalar o filho que mora na escuridão do mar" .
Por Soledad Viedma, traída pelo próprio companheiro, e assassinada grávida de 4 meses.
Chorei por todas as mães e pais que tiveram os corpos de seus filhos desaparecidos nas mãos dos "brilhantes" torturadores do regime autoritário.
O cinema parece ser hoje a única arte com capacidade de nos emocionar.
O teatro, a música e as artes plásticas talvez já tenham cumprido um excelente papel na história.
O cinema ainda pode nos dar pérolas, como essa produção de Walter Salles, que sem dúvidas é o melhor filme produzido por aqui, e que merece mais do que o Oscar: merece a reflexão de um país perdido em um labirinto de ódio e atraso.
Ah, Fernanda, o olhar da sua mãe na cena final parece querer mostrar ao Brasil que basta abrir os olhos para perceber que há uma saída no fim do túnel.
Fernanda, você tem o tamanho da possibilidade da grande tela. Muito obrigado, e merda pra você!